*Guilherme Veiga Guimarães
O sedentarismo é um termo aplicado para caracterizar a diminuição do gasto calórico pela ausência ou redução da prática de atividade física e pode levar à redução da capacidade funcional, à perda da flexibilidade articular e à hipotrofia de fibras musculares. Hábitos sedentários ou atividades habituais insuficientes para promover benefícios à saúde podem aumentar a ocorrência de doenças crônico-degenerativas.
Além disso, a incidência de destas doenças aumenta com o envelhecimento populacional e, se a projeção para 2025 da Organização Mundial da Saúde estiver correta, o crescimento da população idosa será da ordem de 15 vezes, enquanto o da população geral será não mais que cinco vezes no mesmo período. Considerando-se as comorbidades associadas ao sedentarismo, os custos socioeconômicos efetivos, diretos e indiretos, serão expressivos tanto para o sistema público como para o privado.
A atividade física regular tem relação inversa com a mortalidade tanto em homens como em mulheres. Além disso, a prática regular diminui os riscos de doenças cardiovasculares, diabete melito tipo 2, osteoporose, depressão, obesidade, câncer de mama, câncer de cólon, quedas em idosos, entre outros.
Apesar da unanimidade sobre os benefícios da atividade física tanto na prevenção primária como na secundária, apenas 32% dos adultos e 66% das crianças e adolescentes, utilizam seu tempo livre para lazer na prática de atividade física. Neste contexto, também podemos considerar a baixa adesão na prática da atividade física.
Portanto, apesar de seu importante papel na saúde pública, a atividade física é pouco praticada e de baixa adesão. Se as crianças e os adolescentes de hoje serão os adultos de amanhã, poderemos especular que a população sedentária será consideravelmente maior e, por consequência, os gastos com a saúde também.
O sedentário é frequentemente uma pessoa convicta de sua condição física, independentemente do seu estado de saúde, o que torna mais desafiador para as organizações profissionais. Além disso, muitos dos profissionais de saúde também são sedentários convictos, ficando difícil para eles transmitir a ideia de mudança de hábito. Por outro lado, ninguém nasce sedentário convicto, apenas se torna ao longo da vida. Assim, o ensino de hábitos saudáveis na idade escolar é fundamental para que sua prática seja incorporada no dia a dia.
Há consenso que a atividade física regular é parte integrante dos hábitos de vida saudáveis e sua prática está associada com benefícios à saúde, bem como sua irregularidade ou ausência associa-se ao aumento das doenças crônico-degenerativas. Ações duradouras e que atinjam uma maior parcela da população poderiam ter impacto significativo na saúde e na economia. O exemplo dos governos francês, inglês e belga, em estimular os trabalhadores a usarem a bicicleta como meio de transporte para ir e vir do trabalho, traz benefícios financeiros tanto aos funcionários como às empresas. Esta medida deveria ser adotada também para melhorar a saúde populacional. Estima-se que este incentivo gere uma economia na ordem de R$ 12 bilhões de reais/ano com a saúde.
A prática regular da atividade física e a adoção de hábitos saudáveis requerem mudanças de conceitos básicos nas políticas local, regional, federal e social. Dessa forma, o maior envolvimento de entidades públicas e privadas, ligadas ao setor de saúde e educação, geraria, a médio e longo prazos, redução nos custos socioeconômicos, refletindo em melhor qualidade de vida da população.
* Professor de Educação Física – UniSA
Doutor em Ciências pela FMUSP
Pós-Doc – UNIFESP