Alterações torácicas
As costelas (12 de cada lado) são sustentadas posteriormente pela coluna vertebral. Depois de formarem o arcabouço do tórax, articulam-se (exceto as duas últimas) anteriormente com o osso esterno por meio da cartilagem costal. Esses elementos combinados constituem a caixa torácica, que além de proteger as vísceras torácicas é expansível e capaz de alterar a capacidade do tórax. As costelas elevam-se lateralmente entre suas articulações vertebrais e esternal (comparação universal à “alça de balde”). Essa movimentação proporciona aumento transversal do tórax e, ao mesmo tempo, impele o esterno, aumentando a dimensão anteroposterior, conforme a Figura 1.
A mecânica de funcionamento do tórax (mecânica respiratória) é importante e as alterações respiratórias, segundo sua origem, podem modificá-la. Por sua vez, as alterações torácicas podem ser causadas pelas alterações nessa mecânica e, dependendo da gravidade, isso pode significar
uma diminuição nas possibilidades respiratórias, como alterações nos fluxos expiratórios.
A maioria das alterações torácicas, quando não é congênita, está relacionada às alterações respiratórias e/ou posturais. Os distúrbios da saúde geralmente são acompanhados de limitações respiratórias, que, por sua vez, predispõem o organismo a doenças e alterações morfológicas.
Dessa forma, as doenças respiratórias podem refletir diretamente na forma do tórax, provocando modificações em decorrência, por exemplo, da ausência de ar em determinadas áreas pulmonares causada por obstrução das vias aéreas, o que leva à retração das costelas.
Em razão de sua forma e elasticidade, necessárias para sua função, o tórax é facilmente deformável, o que explica por que as alterações torácicas são tão frequentes. Observa-se que essas alterações são menos frequentes nos adultos do que nas crianças, o que parece indicar uma regressão natural no transcurso do desenvolvimento.
As doenças pulmonares obstrutivas provocam a hiperinsuflação pulmonar aguda nas crises, mas que pode se tornar crônica. A repetição das crises com retenção de volume residual dá ao tórax características do padrão respiratório assumido. Desse modo, a atividade respiratória, além de vital,
exerce uma ação modeladora sobre o tórax. Sua forma pode mudar por causa dessa ação. Uma ventilação eficaz e uma caixa torácica bem desenvolvida são fatores básicos para a saúde. Nesse sentido, deve haver preocupação com a respiração, o desenvolvimento e o funcionamento da caixa torácica.
O resultado de um plano de exercícios para as alterações torácicas será tanto melhor quanto mais elástico for o tórax, ou seja, quanto mais jovem for. As modificações obtidas são mais funcionais que morfológicas.
São várias as alterações torácicas e distintas suas origens, sendo as mais comuns: Hemitórax escoliótico (Fig 2), Depressão submamilar (Fig 3), Tórax em quilha (peito de pomba) (Fig 4), Tórax em tonel (Fig 5), Tórax infundibular (peito de sapateiro) (Fig 6), Fratura de costelas ou cirurgias torácicas, Insuficiência diafragmática (em doenças respiratórias crônicas e obesidade), Paralisia dos músculos respiratórios (poliomielite, traumatismos medulares e miopatias).
Alterações posturais
As alterações da coluna vertebral são frequentes e, no caso das insuficiências respiratórias, geralmente vêm associadas às alterações torácicas. Na asma, por exemplo, a combinação de alterações tóraco-vertebrais é comum e muitas vezes é difícil precisar se foi a torácica que causou a postural ou vice-versa.
As alterações do tronco também são causas de mudanças na mecânica respiratória.
Segundo sua origem, podem modificar a mecânica respiratória e/ou o funcionamento fisiológico do pulmão.
A ventilação pulmonar depende da elasticidade pulmonar e da amplitude dos movimentos torácicos.
O aumento do volume da caixa torácica se deve, em grande parte, ao movimento do diafragma, que promove a expansão do tórax em todos os sentidos. Essa expansão é proporcional à amplitude do movimento de elevação das costelas que, por sua vez, depende da posição da coluna vertebral. A melhor expansão é obtida quando a costela atinge o mesmo plano da vértebra na qual está articulada, o que não acontece nas alterações posturais, como escoliose e cifose. Dessa forma, a
mecânica de funcionamento do tórax é importante por depender em grande parte desse ato mecânico. Nesse sentido, devem ser orientadas as atividades físicas, visando prevenir ou evitar o agravamento dos desvios posturais (escoliose, cifose e lordose), objetivando uma adequada
mecânica respiratória.
Alterações lateral e anteroposterior associadas
Não raramente, as alterações apresentam-se associadas, o que requer atenção sobre a dupla função dos músculos envolvidos. As associações mais comuns são: cifoescoliose, escoliose dorsal com cifose e escoliose lombar com lordose. É menos comum a escoliose associada a inversões de curvas fisiológicas (anteroposteriores).
Na asma, essas combinações, frequentemente associadas às alterações torácicas, são extremamente danosas por provocarem grandes prejuízos à mecânica respiratória.
Luzimar Teixeira