Quando se fala em postura logo pensamos em uma pessoa imóvel, em pé e com determinados pontos anatômicos alinhados, mas postura é a posição do corpo em geral, independente da posição, com ou sem movimento e com os pontos anatômicos alinhados ou não.
O estudo da postura está fortemente vinculado a abordagens biomecânica e fisiológica, ficando assim restrita ao estudo da ação de forças físicas internas e externas sobre a postura, mas a determinação da posição do corpo no espaço depende de diversas variáveis. Além das forças físicas temos os mecanismos internos de controle.
A posição bípede é mantida por mecanismos reguladores do tônus postural. A ação dos ligamentos e as sensações proprioceptivas de tensão e relaxamento dos músculos atuam diretamente no mecanismo de regulação do tônus. Essa contração tônica ou tensão muscular não gera movimento (deslocamento), fixa as articulações para manter os segmentos corporais em suas posições e oferece oposição às tentativas de modificações.
Teoricamente, uma linha de gravidade deve passar por determinados pontos, mas na realidade cada indivíduo desenvolve o seu equilíbrio, podendo assim a referida linha passar ora à frente ora atrás de determinada articulação. A atuação dos mecanismos do tônus impõe variações de equilíbrio de indivíduo para indivíduo que oscilam ao redor de uma posição média, constituindo assim o que chamamos de atitude. Sendo o equilíbrio na posição ereta um desequilíbrio permanente, mas constantemente compensado, essa atitude representa a solução pessoal para o encontro do mesmo. Todo esse mecanismo tem especial importância porque é o que mantém um adequado ajuste de tensões musculares que permitem ao indivíduo manter e recuperar o equilíbrio.
Sendo o equilíbrio na posição ereta um desequilíbrio permanente, mas constantemente compensado, essa atitude representa a solução pessoal para o encontro do mesmo. Todo esse mecanismo tem especial importância porque é o que mantém um adequado ajuste de tensões musculares que permitem ao indivíduo manter e recuperar o equilíbrio.
Para ganhar a posição ereta, a criança se prepara desde quando inicia as tentativas de erguer a cabeça. Passando por diversas fases, onde as variadas experiências de movimento são importantes, a criança chega à difícil prova de equilíbrio que é ficar de pé. Ganha assim a independência e através dela vai experimentando novas situações e movimentos que contribuirão para a estruturação de sua postura. Na idade escolar, o aumento das horas em que a criança fica sentada nos bancos escolares não tem sido uma boa contribuição para a sua estruturação postural.
A base inferior e a estruturação da postura
A estruturação da postura depende de um grande número de reações posturais estático-cinéticas que interagem. Elas combinam movimentos automáticos como ajustes de alterações, reações de equilíbrio e de endireitamento. Por outro lado, o controle postural é dinâmico e envolve numerosos tipos de padrões de movimentos coordenados e alterações do tônus muscular.
A postura e o equilíbrio da estrutura corporal estão assentados nas seguintes bases: a inferior, que são os pés e pernas, e a superior, que é a pelve, também chamada de flutuante, porque de certa forma depende da inferior para sua estabilidade.
Os pés estão anatomicamente estruturados para atender a dois objetivos fundamentais que são: sustentar/apoiar o peso corporal e locomover, mas é também sobre eles que se obtém a posição ereta e a postura. Os receptores dos músculos dos pés e os receptores de pressão sob a pele têm significativa atuação sobre a regulação da postura. Nesse aspecto, uma alteração na postura ou na coluna vertebral não deve ser visualizada simplesmente como ação e certos grupos musculares, mas também o seu significado em função dos impulsos recebidos dos receptores da base inferior.
A capacidade dos pés para sustentação e locomoção depende de seus arcos. A modificação dos mesmos altera a posição dos ossos e a função dos músculos, provocando como consequência deficiências na postura e na marcha.
As alterações nos pés
As alterações na base inferior são frequentes, quase sempre adquiridas e geralmente associadas às alterações da coluna vertebral. Excluindo-se modificações ósseas, de causas genéticas ou por acidente, as deficiências dos pés podem ser adquiridas por:
intercorrências na aquisição da postura ereta,
excesso de peso corporal e
calçados inadequados.
As mais frequentes são:
a) pé plano
b) pé cavo
c) pé varo
d) pé valgo
e) hálux valgo (joanete)
f) formas combinadas
As alterações nos pés aparecem frequentemente combinadas com as alterações na postura e nas pernas, o que provoca “efeitos em cadeia” sobre a postura e a locomoção. São causa de dores, geralmente decorrentes da má postura, que acentuam com a atividade física. Essas dores podem se irradiar para pernas, joelhos e região lombar.
Para um desenvolvimento adequado, a estrutura corporal necessita, sistematicamente, de atividades motoras apropriadas para a prevenção de posições incorretas uma vez que as alterações, principalmente da coluna vertebral, estão associadas às intercorrências na aquisição da postura ereta.
Alterações posturais
A coluna vertebral analisada como uma estrutura mecânica, que é submetida a uma série de forças complexas regidas pelas leis da física, é uma haste móvel que desempenha duas funções completamente antagônicas e centrais para o comportamento motor do ser humano: é o eixo de movimentação e de sustentação do corpo. Esta é a razão de sua complexidade, o que torna o conhecimento da mesma essencial para os profissionais que atuam com o movimento humano.
Cada região da coluna possui uma mobilidade particular, que deve ser conhecida para que se possam fazer solicitações adequadas. Além disso, é importante saber que as cargas não são homogeneamente distribuídas ao longo da coluna vertebral.
São inúmeras as causas de alterações posturais e quase sempre atuam conjuntamente: atividades físicas básicas insuficientes no desenvolvimento, deficiência protéica na alimentação, alterações respiratórias, vícios posturais, excesso de peso corporal, alongamento ou encurtamento muscular exagerado, anomalias ósseas congênitas ou adquiridas e problemas de ordem psíquica (muitas vezes inconsciente).
As consequências são diversas: problemas no equilíbrio, alterações nos discos intervertebrais, alterações torácicas e consequentemente na mecânica respiratória, dores generalizadas nas costas, alterações estéticas e funcionais.
Os desvios mais frequentes são:
- Escoliose: É o desvio lateral da coluna, vista no plano frontal.
- Cifose: É o aumento da curva posterior convexa da coluna (acentuação da curvatura fisiológica existente).
- Lordose: É o aumento da curva lordótica da região lombar (também uma acentuação da curvatura fisiológica existente).
Prof. Dr. Luzimar Teixeira
CEPEUSP