*Rafael Ertner Castro
**Guilherme Veiga Guimarães
Nas últimas décadas, a adesão ao exercício físico tem sido cada vez maior pelo fato de inúmeros estudos demonstrarem o quanto a atividade física é benéfica para a prevenção e tratamento de doenças crônicas degenerativas, bem como para a manutenção da saúde e qualidade de vida. As pessoas passaram a incorporar os exercícios ao seu dia-a-dia frequentando mais academias, clubes e parques. No entanto, apesar de ser a opção mais barata, os exercícios realizados em parques ou mesmo nas ruas e avenidas das grandes cidades podem não ser tão benéficos devido à grande quantidade de monóxido de carbono presente na atmosfera, ou seja, o ar extremamente poluído que nós respiramos.
Os sintomas mais comuns dos efeitos da poluição no organismo são: vermelhidão e irritação nos olhos, garganta irritada, sensação de secura no nariz e na boca e cansaço. Esses sintomas se tornam mais evidentes durante a prática de exercícios por respirarmos de forma mais acelerada, já que o corpo está acionando um número maior de músculos e, consequentemente, eles precisam de mais oxigênio para poder continuar a atividade. Isso nos leva a respirar pela boca, o que possibilita a entrada de partículas poluentes em nossas vias aéreas, que seriam filtradas pelas narinas se respirássemos pelo nariz. Essas partículas acabam sendo absorvidas pelo trato respiratório e impedem a absorção do oxigênio pelos tecidos.
Por exemplo, se uma pessoa pratica atividade física mais intensa por 30 minutos em uma via de grande fluxo de veículos, ao final da atividade, o ar que ela respirou equivale a ter fumado 10 cigarros! Isso pode desencadear crises de doenças respiratórias como asma, bronquite e rinite alérgica. A longo prazo, poluentes, como o monóxido de carbono, podem desencadear doenças cardiovasculares como hipertensão, arritmias e até infarto agudo do miocárdio.
Porém, não podemos deixar de praticar exercícios físicos pelo fato de vivermos em uma metrópole onde a qualidade do ar é ruim. O que pode ser feito é evitar a prática de atividades físicas entre 7 e 10 horas e entre 17 e 20 horas, e também a prática perto de ruas e avenidas de grande movimento, onde a concentração de poluentes é maior. Se possível, fique a, pelo menos, 100 metros de distância dessas grandes vias que a atividade se torna mais agradável e menos extenuante, principalmente se estas vias forem arborizadas. Lembre-se de se manter hidratado durante o exercício, atenuando assim os sintomas de secura na boca e na garganta.
E o mais importante, antes de iniciar qualquer atividade, procure um cardiologista para passar por uma avaliação clínica, e depois consulte um educador físico para que ele adéque o programa de condicionamento físico aos seus objetivos.
*Especialista em Atividade Física Adaptada e Saúde – FMU
*Instrutor de Pilates pelo InCor/HCFMUSP
**Doutor em Ciências pela FMUSP