Aline Cristina Tavares *
Guilherme Veiga Guimarães **
A doença diabetes traz ao paciente varias disfunções que podem diminuir sua qualidade de vida. Estudos demonstram que dentre essas disfunções destacam-se a intolerância ao exercício, disfunção na regulação do diâmetro dos vasos, dificuldade na cicatrização, perda de visão e diminuição da sensibilidade nas extremidades.
A tal diminuição de sensibilidade é chamada neuropatia periférica, e é causada porque os açúcares em excesso no corpo do diabético se acumulam entre a pele e o nervo, diminuindo a transmissão nervosa. Ela está presente em qualquer nervo do corpo, exceto os nervos do cérebro ou da medula espinal, por isso a nomenclatura ‘periférica’.
Essa alteração pode levar desde a perda da sensação de toque até a sensibilidade excessiva na região acometida. É o nervo reconhecendo de forma equivocada os estímulos.
Mais frequente nos pés, a neuropatia periférica é assim referida pelos portadores como a sensação de andar nas nuvens ou então apresentam sensação de dormência, queimação e até de dor no repouso e nas atividades.
A atenção para ela é, então, de fundamental importância, e o paciente pode voltar a ter a sensação novamente de forma correta, porém, se não tratada, essa disfunção pode comprometer o equilíbrio e a sensação correta dos pés ao chão, deixando o paciente propenso a cair, a torcer os pés e a feri-los sem perceber.
Cuidados básicos de hidratação da pele e vistorias nos calçados previnem lesões da pele, que sabemos ser de difícil cicatrização nos diabéticos. No entanto, o fundamental para a recuperação da sensação correta é o treino de “dissensibilização” da área acometida. O treino de diferentes texturas, temperaturas e pressões são parte desse exercício e a melhora da sensação dos pés é reconhecida em 100% dos casos, já na primeira intervenção.
Para facilitar esse treino aproveite e realize caminhada sobre solos variados como grama, areia seca e molhada, tapetes de diferentes espessuras e sobre pisos. Mas atenção, porque o exercício deve ser realizado descalço para atingir diretamente os receptores que se encontram na pele dos pés; o estímulo deve ser variado com grande frequência; e você deve se assegurar de que a atividade não lhe traga malefícios. Evite realizá-la em locais que haja animais e/ou sujidade excedente.
O fisioterapeuta auxilia a identificar a presença de neuropatia periférica, traça a conduta correta para que você recupere a sensibilidade e colabora mais especificamente na qualidade do treino de dissensibilização. Procure o seu.
*Especialista em Fisioterapia Hospitalar – HIAE
*Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória – UMESP
**Doutor em Ciências – FMUSP