Mais Saúde: Postura e Obesidade.

O prof. Luzimar fala sobre como o excesso de peso pode afetar a postura.

           A postura bípede sofre contínua influência da força da gravidade. Para que o corpo mantenha-se ereto os segmentos corporais precisam ser recolocados constantemente em equilíbrio. Esse trabalho é realizado pela contração intermitente dos músculos posturais, que são responsáveis pela manutenção da posição com um baixo custo energético.

           Considera-se que o corpo está mais equilibrado quando a projeção da linha de gravidade passa sobre o centro de algumas articulações. Este alinhamento poderá determinar menor gasto energético e menor desgaste articular.

           Em termos de sobrecarga para o organismo, o alinhamento de determinadas estruturas corporais é muito importante, pois quanto maior for a carga imposta maiores serão os estresses aplicados ao corpo.

Imagem: Pixabay

           Em um corpo equilibrado os estresses se distribuem e se anulam, por outro lado em um corpo com desalinhamento ocorrerá estresses localizados, danificando e/ou lesando as estruturas que sofrerem maior sobrecarga.

Aspectos posturais na obesidade

            A forma e estrutura dos ossos são determinadas geneticamente e por condições fisiológicas e patológicas.

           A utilização dos segmentos corporais em condições normais é fundamental para a formação do osso, nesse sentido a estruturação postural depende do equilíbrio muscular e das ações que se fazem sobre os ossos.

           As alterações na estrutura corporal não são exclusivas dos obesos, mas aparecem mais frequentemente neles devido ao aumento das exigências mecânicas em determinadas regiões.

           A inclinação anterior da pelve com o consequente deslocamento anterior do centro de gravidade e aumento da lordose lombar são as características mais evidentes e que são determinadas por um abdome protuso. Valores aumentados do ângulo lombossacral e do ângulo lordótico são encontrados em pessoas que apresentam sobrepeso. Por outro lado, após a perda de peso estes ângulos apresentam valores menores.

           O aumento na inclinação anterior da pelve determina maior rotação interna do quadril e fêmur provocando o valgismo dos joelhos. Esse desvio angular é acentuado pela circunferência exagerada das coxas, pois aumenta o afastamento dos membros inferiores, trazendo consequências para os joelhos, tornozelos e pés.

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           A criança obesa, por exemplo, apresenta um padrão de marcha modificado em relação a uma criança de peso corporal normal. Estas crianças também apresentam maior instabilidade na marcha. Isso mostra uma adaptação do aparelho locomotor à sobrecarga que, neste caso, se dá pelo próprio peso corporal. A criança obesa realiza a marcha acentuando as alterações estruturais que ela já apresenta como o pé plano, o valgismo de joelhos e menor estabilidade corporal.

           No valgismo de joelho se verifica que a característica dinâmica da marcha ocorre de forma a acomodar o maior volume da coxa. Esta alteração do padrão da marcha resulta em maior sobrecarga do compartimento medial do joelho durante o ciclo da marcha, podendo levar ao aparecimento da tíbia vara, independentemente da pré-existência deste desvio.

           Nas alterações posturais a pressão exercida pelo peso corporal gera sobrecargas locais e/ou globais que podem provocar o achatamento dos corpos vertebrais, acentuando, por exemplo, a cifose. Além da cifose, que muitas vezes está associada a uma maior dificuldade na respiração, estudos indicam que obesidade é um fator que está diretamente relacionado à apneia obstrutiva do sono. A perda de peso e uma posição corporal mais ereta melhoram os mecanismos respiratórios diários e durante o sono. 

Prof. Luzimar Teixeira

CEPEUSP

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